terça-feira, 10 de novembro de 2015

Concorrência entre restaurantes e fast-foods está sendo desleal

74% dos brasileiros preferem fast-foods a restaurantes tradicionais


Safira Caetano

Em Leme, interior de São Paulo, vários restaurantes enfrentam a realidade de que atualmente estão perdendo clientes para as redes de fast-foods das cidades vizinhas. De acordo com a ABRASEL (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). 74% dos brasileiros preferem fast-foods a restaurantes tradicionais.

Rua dos trailers de lanches (Foto: Safira Caetano)
A pesquisa revela que 65% dos entrevistados escolhem o sabor como fator principal para consumo desses alimentos, 12% pelas variedades de pratos e 10% pela rapidez. Apenas 5% escolhem os fast-foods com base no preço e na localização.

Fatima de Lores, chef de cozinha e proprietária do Restaurante Jeitinho Brasileiro, trabalha há mais de uma década no ramo da gastronomia, e ao ser questionada sobre enxergar as redes de fast-foods como inimigo, afirma: “A concorrência está sendo desleal. Aqui, na cidade de Leme, as pessoas preferem aos finais de semana ir nos fast-foods das cidades vizinhas”. Há vários restaurantes no município e os famosos trailers de lanches, que são muito comuns e também abrem concorrência, não existem na cidade. Por esse motivo, os lemenses recorrem as cidades mais próximas como Araras e Limeira.

Fatima diz que seu melhor investimento no momento são as saladas e grelhados. Agora também está oferecendo opções de comida vegetariana no cardápio. Segundo ela, suas melhores épocas foram há 10 anos, quando as pessoas tinham mais tempo para apreciar uma boa comida. Agora as pessoas não prestam atenção no que estão comendo, estão mais preocupados em mexer no celular e não sentem mais o gosto do que estão comendo.

Confira abaixo a entrevista com a chef Fatima


Fatima de Lores é chef de cozinha há
 mais de uma década (Foto: Safira Caetano)
Qual foi sua primeira experiência na cozinha?
Experiência mesmo foi com uns 15 anos, para fazer a vontade de meu padrinho, fazendo um pato ao vinho. Que fiasco! Esse pato não amolecia. O que era para o almoço ficou para a janta. (risos) Mas, na realidade, comecei fazendo brigadeiro, bolo e pão de ló, com aproximadamente 10 anos.

Sempre quis cozinhar?
Sim. As brincadeiras de criança sempre foram fazer comidinha. Começou daí.

Enxerga as redes de fast-food como inimigo dos restaurantes?
As pessoas estão preferindo fast-food. Talvez, se habituaram. Agora, chegou por aqui a febre de salgadinho no copo. Logo que abriu esse estabelecimento, foi de assustar o quanto diminuiu as vendas no restaurante.

Como é a concorrência em uma cidade pequena?
Aqui a concorrência é grande. Muitos restaurantes, trailers de lanches, lanchonetes e também os delivery's, que é facilitado pelas redes sociais. Também há as 'febres' que sempre atacam a cidade. Quero dizer o que com febre? A cidade parece que vive de points. Sempre abre um restaurante ou lanchonetes que sobrevivem alguns meses. Se abrir, digamos, 5 pontos, após 6 meses vai diminuindo e, ao final de um ano, a grande maioria acaba.

Houve melhores épocas?
Sim, até uns 10 anos atrás ainda era bom. Parece que as pessoas tinham mais tempo para apreciar uma boa comida. Hoje, para sobreviver, temos que sempre inventar algo novo, criando opções, fazendo promoções.

Qual seu maior investimento no momento, para continuar crescendo, adquirir novos clientes e mantê-los fiel?
No momento estamos investindo em saladas e grelhados, e colocando opções de comida vegetariana. 100% vegetal no cardápio.

Você tem um espírito empreendedor?
Acho que sim, senão, não estaria há mais de uma década nesse ramo. Criando e recriando.

Quais chefs te servem de inspiração e por quê?
Para falar a verdade, nenhum chef me serve de inspiração. Apenas acompanho tudo que posso seja de qual for, e aproveito o que acho realmente bom para o meu dia a dia.

Dê um conselho para os nossos leitores, e apaixonados por culinária?
Sempre que resolver ir para a cozinha, esteja de bem consigo mesmo. Saiba o que está querendo criar, tenha produtos de primeira linha em mãos, e deixe seu olfato te guiar. O olfato é um dos melhores aliados ao nosso paladar.

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